Novo estudo do MapBiomas aponta declínio de áreas alagadas e agravamento das queimadas no Pantanal entre 1985 e 2023
Nesta terça-feira (12), ao se comemorar o Dia do Pantanal, um novo levantamento do MapBiomas traz um panorama preocupante sobre o bioma, que enfrenta secas cada vez mais intensas e períodos de cheia reduzidos. O estudo, que mapeou mensalmente a superfície de água e de campos alagados entre 1985 e 2023, revela uma redução drástica na área alagada, que em 2023 atingiu 3,3 milhões de hectares – 38% menor do que em 2018, último ano de grande cheia.
Os dados mostram que em 2023 a área de inundação do Pantanal foi 61% inferior à média histórica. Além de uma área menor, o bioma também está alagado por períodos mais curtos, o que favorece incêndios mais intensos e recorrentes. “A frequência de incêndios está associada à expansão das áreas de pastagem, à predominância de vegetação campestre e às secas prolongadas”, explica Mariana Dias, pesquisadora do MapBiomas.
Outro ponto de destaque do levantamento é a conversão crescente de áreas naturais em pastagens para a pecuária. Segundo o estudo, desde 1985, 5,4 milhões de hectares foram transformados para uso agropecuário, dos quais 2,4 milhões eram florestas e 2,6 milhões de formações de savana. Na planície do Pantanal, 87% das pastagens exóticas apresentam baixo vigor vegetativo, apontando para um uso insustentável do solo.
Eduardo Rosa, coordenador do estudo, afirma que o uso intensivo de terras na Bacia do Alto Paraguai, que abriga os biomas Cerrado e Amazônia, impacta diretamente o regime de águas do Pantanal. “Se em 1985 a ocupação humana na bacia correspondia a 22%, hoje chega a 42%, o que altera significativamente a dinâmica das águas e compromete a sobrevivência do Pantanal como o conhecemos.”