Após anos de cobrança do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e do Conselho Nacional de Justiça, o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, foi desativado nesta quarta-feira (8). A unidade, que integra a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), teve um histórico marcado por superlotação, rebeliões e episódios de extrema violência, incluindo casos de decapitações de adolescentes na primeira década dos anos 2000.
A decisão de fechamento foi anunciada pela diretora-presidente da Funase, Raissa Braga, em entrevista ao JC em agosto de 2024. Na ocasião, ela destacou que a desativação do Case faz parte de um processo de reestruturação do sistema socioeducativo estadual. "Realizamos uma análise cuidadosa do entorno para identificar ações que pudessem fortalecer a socioeducação. Esse processo foi conduzido de forma planejada e com ações sistemáticas, o que resultou na concretização sem intercorrências que comprometessem a execução do plano ou gerassem episódios de violência", afirmou Raíssa Braga nesta quarta-feira.
Atualmente, a Funase conta com nove unidades de internação, que abrigam adolescentes e jovens de 12 a 21 anos incompletos. A população total é de 287 internos, embora a capacidade seja de 427, eliminando assim o problema da superlotação. Os jovens que ainda estavam no Case do Cabo foram transferidos para o Case Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes.
Até o ano passado, a unidade desativada no Cabo abrigava cerca de 60 socioeducandos, número que coincidia com sua capacidade máxima. Em seu auge, o centro chegou a contar com quase 400 internos, o que gerou um ambiente caótico, dificultando a gestão e o controle da violência dentro das instalações.